23 de dezembro de 2008

O pingente (continuação)

Seus dedos longos e finos desgrudaram-se das laterais da caixa e esta cede á gravidade..
Enfim.
Caiu, com um baque no chão. Um som de morte feliz, se é que você entende..
Tudo ali, esparramado nos azulejos espaçosos, acolhedores.
e o pingentinho rejeitado..tão frágil?
Partiu-se ao meio, como se soubesse que causasse em Amelie amor e ódio.
Uma parte para cada sentimento, e era justo?

A menina tinha os lábio secos. Agora tinha também os olhos molhados com água salgada.
Lágrimas.
Ajoelhou-se junto ao pequeno artefato, que agora..eram dois. Dois de um.
Ou um de dois, como quiser.
Mas de fato, não havia um para cada pedaço dela naquele momento. Eram centenas..
Ela ainda quis desculpar-se, mas as palavras eram pesadas demais, e ficaram entaladas na boca.
Fez-se uma pequena poça de lágrimas perto dela. Uma poça de puro sal.
Nossa impagável amelie, agora estava cheia de remorso. E NÂO confunda com culpa. Não dessa vez..
As mão dela formaram uma pequena concha,e acolheram os pedacinhos do pingente como um filhote de passaro, que quebrou as asas.
O pingente.
Guardou-o num potinho cor de brisa..
Os pingentes.
Em seu rosto havia fragmentos de culpa dilacerante, e NÂO confunda com remorsos. Nunca.

Houve um pequeno ataque de nervos depois disso.
Mais lágrimas. só que agora elas eram doces, e não mais salgadas.
voce entende?
não creio..
Logo veio uma dose extra de enxaqueca, e o café em cima da mesa já estava frio.
droga.
Ela estava tão exausta de tudo, e muito sonolenta de novo.
Misture isso tudo e guarde em cima de uma cama.
Eu garanto que alguém dorme.
Igualzinho amelie fez..vencida pelo desastre gratuito, ela apenas dormiu.

Mais pesadelos. E o teto velava seu sono cheio deles.
Por último, houve um silêncio encantador.

Mas antes, houve também um pingente miúdo e solitário.
Partido bem ao meio.
Ele só precisava respirar mais uma vez.

...

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