7 de dezembro de 2009

They gave us two shots on the back of our head

Fotografias não mentem. Palavras sim. E é delas que eu desconfio. Desconfio, desconfio. Soaria estranho demais se eu dissesse que não me reconheço naquelas fotos? Aquela.. pessoa.. que sorri.. Aquele cabelo, aquele trejeito capturado.. Sou eu, sou eu? E quanto à criatura que sorri ao meu lado? Deus, tanto tempo se passou e só agora eu enxergo o quanto menti. Eu tentei me fazer acreditar nas palavras que saíam eloquentemente da minha boca, mas elas perdiam o efeito no ar. Eu matei o que podia ter se tornado belo e amável. Romântico.
E por que estas coisas estão vindo à cabeça agora? Eu menti, e isso é tudo.

Idiot.

Idiota, idiota. Agindo como tal, pois estas coisas não são de minha natureza. Minha pseudosã
consciência me acusa, e eu sequer posso revidar.
Gostaria de estar tendo flashbacks agora. Ou não. Vou ser sincera novamente. Essas estranhas sensações de calmaria e indiferença estão me assustando. Indiferença? Às vezes, sim. Agora, sim. Acho que levei um soco na boca do estômago e acho que há um gosto amargo me escapando pela boca.
Eu não quero acordar.

20 de outubro de 2009

Hello hello little stars.

A ponta da agulha tecia um pedaço de destino. Destino?
Estrelas douradas, contrastando com o tecido negro..estas sim eras capazes de exprimir a tristeza que repousava em seus ombros, sem roubar do céu a sua profundidade. Ao terminar, a dor lhe daria uma trégua, as lágrimas secariam e o amor morreria outra vez. As pequeninas estrelas do vestido gritavam. O que gritavam? Gritavam árdua e continuamente sobre a vontade de esquecer, choravam o desejo pelo ópio ao extremo. Pelo desejo de um clarão qualquer de vida, mínimo que fosse. Ela olhava pela janela, atravessando o céu, através das nuvens escuras da noite, das constelações, e tudo que via era um universo inteirinho a ser explorado. Nitidamente embaçado. Queria encontrar lá no infinto a resposta pra todas as suas angústias. Gostaria ainda de encontrar os olhos daquele que mais ama, divina e misteriosamente. Ele a perdoaria, algum dia? Teria as respostas sobre sua existência? A miserável indiferença, a falta de vitalidade juvenil nos olhos, as palavras manchadas, e àquela altura, as estrelinhas cor de ouro já haviam lhe furtado todo e qualquer resquício de sanidade. O vestido de pano negro, abrigava meia dúzia de estrelinhas lúgubres e doces que brilhavam.. brilhavam.. Poderia até ser algo do tipo exagerado, mas e que fosse? Convenhamos, algo por ali deveria insinuar um mínimo de luz. De vida.

8 de outubro de 2009

Despair.

Desejava algo. Algo vago. Algo indeterminado. Um desejo que crescia ao mesmo ritmo em que aumentavam a quantidade de lágrimas sanguinolentas vindas das feridas mais ínfimas de sua alma. Desejava o que não existia. Pensava sobre tudo, desprezava tudo, filosofando amargamente, nutrindo um lânguido olhar a cada sorriso pretensioso.. Agarrava-se em ceticismos, pra depois agarrar-se em esperanças, por mais fictícias que pudessem ser. Apegando-se a tudo, e em seguida largando tudo. Mas no fim, nada é muito valioso, nada satisfaz, nada preenche. Restam apenas as cinzas do que já se foi. O nada.
Nada.
Uma palavra que aqui, significa tudo.

7 de outubro de 2009

A drink for the horror.

Ela saiu aos passos trôpegos em direção ao portão de saída, com a cabeça fervendo e o único pensamento do qual tinha plena certeza: jamais voltaria lá. Não naquelas circunstâncias.
Com as pernas ligeiramente bambas, ela tremia da cabeça aos pés. Não era um tremor de medo, e sim uma consequência da adrenalina que corria livremente pelas suas veias.. a possibilidade de ser pega. Mas estava fraca outra vez, não comera o dia inteiro. Tudo que pusera pra dentro não passava de cafeína. Tremia, tremia.. e mesmo assim não era um tremor perceptível pra quem a olhasse de relance.
Isso? Costumo chamar de nervos à flor da pele. Nervoso, se preferir.
Andava pelo corredor com um semblante cínico. Sarcástico. Cáustico.
Impunes eles não ficariam. Malditos.
Em segundos estava completamente do lado de fora, e nada mais poderia ligá-la aos fatos que viriam a seguir.
Fatos?! Eu estou falando de uma grande tragédia consentida, tudo bem, mas ainda assim são apenas fatos.
Suava frio. Por dentro, estava deliciada com a ideia, a imagem, a esperança de que muitos rostos ali contorceriam-se de espanto e pavor, ao perceberem o que lhes aconteceria..
Do lado de fora, o clima quente e a tarde irritantemente risonha faziam parte de uma cenário cheio de paradoxos, ambiguidades e antagonismos (e sinônimos, se me permitem o trocadilho sem graça). O cenário ideal pra se cometer um pouco de atrocidades, não acha?
Estavam radiantes: o sol, o rosto da menina.. O primeiro, eu devo dizer, estava em total contraste com o sentimento que ela guardava no peito, e a cada dia vinha apossando-se dela por completo. Tente adivinhar qual é.
Ouviram-se gritos secos vindos de dentro do recinto. E então ouviu-se uma explosão, seguida de um aglomerado de pessoas assustadas e surpresas, tentando fugir, desvencilhar-se dos outros que dividiam a mesma intensidade de medo.. tudo em vão, claro.
Ela sequer pôde ficar pra contemplar aquele belíssimo espetáculo que sua mente perturbada lhe concederia, depois de tanto tempo planejando a coisa, em seus mínimos detalhes. Estava longe, provavelmente projetando cada segundo, como se em sua mente houvesse uma câmera, captando cada frame daquele capítulo final.
Posso jurar a você que enquanto brincava com as imagens daquele momento, surgia um sorrisinho bem desenhado na extremidade da boca da menina injustiçada. A inebriante sensação de poder consertar as coisas ruins que eles haviam lhe feito. Nada ficaria impune..
Aquilo? Costumo chamar de vingança.
Das mais doces, até.

7 de abril de 2009

Uma cidade de anjos
um punhado de mal;
um punhado de amor
uma alma enferrujando, sem se deixar afagar.
agindo como uma máquina
agindo como uma corrupta.
Por fora, uma fortaleza;
onde anjos morrem por dentro
sem nunca sentir nada.

19 de março de 2009

E as palavras dela queimavam
como chumbo quente derramando sobre uma ferida
E deformavam, e corroíam-lhe as córneas e pupilas.
Jurava sobre algo que não era;
sentia ódio, e o despejava gratuitamente por impulso;
suas palavras vinham carregadas de uma maldita aspereza,
com pedaços de seus pensamentos, todos dilacerados enfim.
ela mentia, queimando por dentro.
Suas palavras eram exageradamente cretinas,
e vinham de dentro da alma, rasgavam sua garganta e boca até serem cuspidas pra fora,
mas sua vida não estava com ela disse
sua vida estava próximo do que imaginava,
estava tudo tão errado,
nem um pouco coerente
e as palavras corroíam-lhe a face.

16 de março de 2009

people makes me wanna throw up.

13 de fevereiro de 2009


Esta noite, quase sonhei que ouvia o caminhar dos mortos num estilo solitário..
E derrubavam os portões do cemitério,
Eu usava aquele vestido que você odeia.
Iam e me convocavam abaixo, pra irmos marcar minha sepultura.
Mas então as luzes do farol nos encontraram escondidos, bebendo na porta do mausoléu.
E depois eles me encontraram no chão do banheiro, com o sangue escorrendo entre os dedos.

De volta pra casa, sem ter mais um lugar amplo pra correr
ouvindo músicas que me fazem querer cortar os pulsos
Isso não é muito legal - analisar uma brilhante ponta cortante.
não pararei de morrer, não vou parar de mentir.
E se você quiser, continuarei a chorar até que você se vá.
eu sinto o forte desejo de saber, e é mais forte do que o sufocante apelo da minha consciência..
'você conseguiu o que mereceu?'
É para isso que você sempre me quer?
eu sinto a sua falta, a maldita sensação de vazio.
sinto mesmo a sua falta.
E o choque do seu beijo, que sempre torna isso mais difícil.

[cemetery drive adapted]

21 de janeiro de 2009

Cada um sabe a dor e a delícia de ser quem é -.-

20 de janeiro de 2009

Cinzas de sonhos queimados


Vejo flores mortas aqui, esta não é uma visão das melhores
flores pisoteadas, aniquiladas..apenas como se merecessem ou desejassem por isto.
Mas eu posso garantir que não.
Nunca quis agir de forma tão cruél;
Mas eu as mataria, de qualquer forma..
não vi o sangue escorrer,
tampouco vi sofrimento ou dor.
Apenas minha agonia, a culpa de mais uma ato de terror.
Uma meiga solidão
Mais uma canção triste, cantando sobre flores mortas e desfiguradas
Todas as malditas vezes em que queimei sonhos guardados dentro de um coração congelado.
Recolhi as cinzas de cada um
Depois as soprei ao vento e agora..
ele permanece frio, sem vida, sem forças pra tanto.
um coração sem nada a dizer
Meu pobre coração cego já não palpita como outrora.
Ele apenas sangra.
sangra, sangra .. e esta noite deitada no chão frio, ele não consegue me aquecer
ele sangra como nunca pensei que fosse capaz.
no chão frio, na íntimo da minha alma.
ele grita, sangra, e morre, enfim.

12 de janeiro de 2009

mentiras de plástico


Eu pude ver suas mentiras aqui.
Caíam como folhas secas junto aos meus pés, e amontoaram-se umas sobre as outras.
eram apenas corações negros despedaçados.
Eu as ouvi tão próximo de mim..
quase pude sentir seu gosto áspero, porém adocicado.
E venenoso;
Completavam um ciclo de palavras planejadas cuidadosamente, até que eu as toquei.
Libertei cada uma de seus casulos, e elas sorriram de volta pra mim.
Mas quando acordei, elas estavam ao meu lado, insistentes.
Tentei cuspi-las de volta pra você, mas elas não saíram de mim.
Era um pouco tarde demais para tal.
Desejei não estar só em casa, desejei não estar ligeiramente esquecida ,tampouco mal-humorada outra vez.
Também quis ter o poder de segurar suas mentiras pelas mãos, torcê-las e sufocá-las até que dissolvessem e virassem pó.
Somente assim elas não estariam mais presentes em cada pesadelo meu.
Eu não gostaria de ter que afastar de mim tantos corações negros como tive de fazer.
:3