A ponta da agulha tecia um pedaço de destino. Destino?
Estrelas douradas, contrastando com o tecido negro..estas sim eras capazes de exprimir a tristeza que repousava em seus ombros, sem roubar do céu a sua profundidade. Ao terminar, a dor lhe daria uma trégua, as lágrimas secariam e o amor morreria outra vez. As pequeninas estrelas do vestido gritavam. O que gritavam? Gritavam árdua e continuamente sobre a vontade de esquecer, choravam o desejo pelo ópio ao extremo. Pelo desejo de um clarão qualquer de vida, mínimo que fosse. Ela olhava pela janela, atravessando o céu, através das nuvens escuras da noite, das constelações, e tudo que via era um universo inteirinho a ser explorado. Nitidamente embaçado. Queria encontrar lá no infinto a resposta pra todas as suas angústias. Gostaria ainda de encontrar os olhos daquele que mais ama, divina e misteriosamente. Ele a perdoaria, algum dia? Teria as respostas sobre sua existência? A miserável indiferença, a falta de vitalidade juvenil nos olhos, as palavras manchadas, e àquela altura, as estrelinhas cor de ouro já haviam lhe furtado todo e qualquer resquício de sanidade. O vestido de pano negro, abrigava meia dúzia de estrelinhas lúgubres e doces que brilhavam.. brilhavam.. Poderia até ser algo do tipo exagerado, mas e que fosse? Convenhamos, algo por ali deveria insinuar um mínimo de luz. De vida.
20 de outubro de 2009
8 de outubro de 2009
Despair.
Desejava algo. Algo vago. Algo indeterminado. Um desejo que crescia ao mesmo ritmo em que aumentavam a quantidade de lágrimas sanguinolentas vindas das feridas mais ínfimas de sua alma. Desejava o que não existia. Pensava sobre tudo, desprezava tudo, filosofando amargamente, nutrindo um lânguido olhar a cada sorriso pretensioso.. Agarrava-se em ceticismos, pra depois agarrar-se em esperanças, por mais fictícias que pudessem ser. Apegando-se a tudo, e em seguida largando tudo. Mas no fim, nada é muito valioso, nada satisfaz, nada preenche. Restam apenas as cinzas do que já se foi. O nada.
Nada.
Uma palavra que aqui, significa tudo.
Nada.
Uma palavra que aqui, significa tudo.
7 de outubro de 2009
A drink for the horror.
Ela saiu aos passos trôpegos em direção ao portão de saída, com a cabeça fervendo e o único pensamento do qual tinha plena certeza: jamais voltaria lá. Não naquelas circunstâncias.
Com as pernas ligeiramente bambas, ela tremia da cabeça aos pés. Não era um tremor de medo, e sim uma consequência da adrenalina que corria livremente pelas suas veias.. a possibilidade de ser pega. Mas estava fraca outra vez, não comera o dia inteiro. Tudo que pusera pra dentro não passava de cafeína. Tremia, tremia.. e mesmo assim não era um tremor perceptível pra quem a olhasse de relance.
Isso? Costumo chamar de nervos à flor da pele. Nervoso, se preferir.
Andava pelo corredor com um semblante cínico. Sarcástico. Cáustico.
Impunes eles não ficariam. Malditos.
Em segundos estava completamente do lado de fora, e nada mais poderia ligá-la aos fatos que viriam a seguir.
Fatos?! Eu estou falando de uma grande tragédia consentida, tudo bem, mas ainda assim são apenas fatos.
Suava frio. Por dentro, estava deliciada com a ideia, a imagem, a esperança de que muitos rostos ali contorceriam-se de espanto e pavor, ao perceberem o que lhes aconteceria..
Do lado de fora, o clima quente e a tarde irritantemente risonha faziam parte de uma cenário cheio de paradoxos, ambiguidades e antagonismos (e sinônimos, se me permitem o trocadilho sem graça). O cenário ideal pra se cometer um pouco de atrocidades, não acha?
Estavam radiantes: o sol, o rosto da menina.. O primeiro, eu devo dizer, estava em total contraste com o sentimento que ela guardava no peito, e a cada dia vinha apossando-se dela por completo. Tente adivinhar qual é.
Ouviram-se gritos secos vindos de dentro do recinto. E então ouviu-se uma explosão, seguida de um aglomerado de pessoas assustadas e surpresas, tentando fugir, desvencilhar-se dos outros que dividiam a mesma intensidade de medo.. tudo em vão, claro.
Ela sequer pôde ficar pra contemplar aquele belíssimo espetáculo que sua mente perturbada lhe concederia, depois de tanto tempo planejando a coisa, em seus mínimos detalhes. Estava longe, provavelmente projetando cada segundo, como se em sua mente houvesse uma câmera, captando cada frame daquele capítulo final.
Posso jurar a você que enquanto brincava com as imagens daquele momento, surgia um sorrisinho bem desenhado na extremidade da boca da menina injustiçada. A inebriante sensação de poder consertar as coisas ruins que eles haviam lhe feito. Nada ficaria impune..
Aquilo? Costumo chamar de vingança.
Das mais doces, até.
Com as pernas ligeiramente bambas, ela tremia da cabeça aos pés. Não era um tremor de medo, e sim uma consequência da adrenalina que corria livremente pelas suas veias.. a possibilidade de ser pega. Mas estava fraca outra vez, não comera o dia inteiro. Tudo que pusera pra dentro não passava de cafeína. Tremia, tremia.. e mesmo assim não era um tremor perceptível pra quem a olhasse de relance.
Isso? Costumo chamar de nervos à flor da pele. Nervoso, se preferir.
Andava pelo corredor com um semblante cínico. Sarcástico. Cáustico.
Impunes eles não ficariam. Malditos.
Em segundos estava completamente do lado de fora, e nada mais poderia ligá-la aos fatos que viriam a seguir.
Fatos?! Eu estou falando de uma grande tragédia consentida, tudo bem, mas ainda assim são apenas fatos.
Suava frio. Por dentro, estava deliciada com a ideia, a imagem, a esperança de que muitos rostos ali contorceriam-se de espanto e pavor, ao perceberem o que lhes aconteceria..
Do lado de fora, o clima quente e a tarde irritantemente risonha faziam parte de uma cenário cheio de paradoxos, ambiguidades e antagonismos (e sinônimos, se me permitem o trocadilho sem graça). O cenário ideal pra se cometer um pouco de atrocidades, não acha?
Estavam radiantes: o sol, o rosto da menina.. O primeiro, eu devo dizer, estava em total contraste com o sentimento que ela guardava no peito, e a cada dia vinha apossando-se dela por completo. Tente adivinhar qual é.
Ouviram-se gritos secos vindos de dentro do recinto. E então ouviu-se uma explosão, seguida de um aglomerado de pessoas assustadas e surpresas, tentando fugir, desvencilhar-se dos outros que dividiam a mesma intensidade de medo.. tudo em vão, claro.
Ela sequer pôde ficar pra contemplar aquele belíssimo espetáculo que sua mente perturbada lhe concederia, depois de tanto tempo planejando a coisa, em seus mínimos detalhes. Estava longe, provavelmente projetando cada segundo, como se em sua mente houvesse uma câmera, captando cada frame daquele capítulo final.
Posso jurar a você que enquanto brincava com as imagens daquele momento, surgia um sorrisinho bem desenhado na extremidade da boca da menina injustiçada. A inebriante sensação de poder consertar as coisas ruins que eles haviam lhe feito. Nada ficaria impune..
Aquilo? Costumo chamar de vingança.
Das mais doces, até.
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