20 de outubro de 2009

Hello hello little stars.

A ponta da agulha tecia um pedaço de destino. Destino?
Estrelas douradas, contrastando com o tecido negro..estas sim eras capazes de exprimir a tristeza que repousava em seus ombros, sem roubar do céu a sua profundidade. Ao terminar, a dor lhe daria uma trégua, as lágrimas secariam e o amor morreria outra vez. As pequeninas estrelas do vestido gritavam. O que gritavam? Gritavam árdua e continuamente sobre a vontade de esquecer, choravam o desejo pelo ópio ao extremo. Pelo desejo de um clarão qualquer de vida, mínimo que fosse. Ela olhava pela janela, atravessando o céu, através das nuvens escuras da noite, das constelações, e tudo que via era um universo inteirinho a ser explorado. Nitidamente embaçado. Queria encontrar lá no infinto a resposta pra todas as suas angústias. Gostaria ainda de encontrar os olhos daquele que mais ama, divina e misteriosamente. Ele a perdoaria, algum dia? Teria as respostas sobre sua existência? A miserável indiferença, a falta de vitalidade juvenil nos olhos, as palavras manchadas, e àquela altura, as estrelinhas cor de ouro já haviam lhe furtado todo e qualquer resquício de sanidade. O vestido de pano negro, abrigava meia dúzia de estrelinhas lúgubres e doces que brilhavam.. brilhavam.. Poderia até ser algo do tipo exagerado, mas e que fosse? Convenhamos, algo por ali deveria insinuar um mínimo de luz. De vida.

8 de outubro de 2009

Despair.

Desejava algo. Algo vago. Algo indeterminado. Um desejo que crescia ao mesmo ritmo em que aumentavam a quantidade de lágrimas sanguinolentas vindas das feridas mais ínfimas de sua alma. Desejava o que não existia. Pensava sobre tudo, desprezava tudo, filosofando amargamente, nutrindo um lânguido olhar a cada sorriso pretensioso.. Agarrava-se em ceticismos, pra depois agarrar-se em esperanças, por mais fictícias que pudessem ser. Apegando-se a tudo, e em seguida largando tudo. Mas no fim, nada é muito valioso, nada satisfaz, nada preenche. Restam apenas as cinzas do que já se foi. O nada.
Nada.
Uma palavra que aqui, significa tudo.

7 de outubro de 2009

A drink for the horror.

Ela saiu aos passos trôpegos em direção ao portão de saída, com a cabeça fervendo e o único pensamento do qual tinha plena certeza: jamais voltaria lá. Não naquelas circunstâncias.
Com as pernas ligeiramente bambas, ela tremia da cabeça aos pés. Não era um tremor de medo, e sim uma consequência da adrenalina que corria livremente pelas suas veias.. a possibilidade de ser pega. Mas estava fraca outra vez, não comera o dia inteiro. Tudo que pusera pra dentro não passava de cafeína. Tremia, tremia.. e mesmo assim não era um tremor perceptível pra quem a olhasse de relance.
Isso? Costumo chamar de nervos à flor da pele. Nervoso, se preferir.
Andava pelo corredor com um semblante cínico. Sarcástico. Cáustico.
Impunes eles não ficariam. Malditos.
Em segundos estava completamente do lado de fora, e nada mais poderia ligá-la aos fatos que viriam a seguir.
Fatos?! Eu estou falando de uma grande tragédia consentida, tudo bem, mas ainda assim são apenas fatos.
Suava frio. Por dentro, estava deliciada com a ideia, a imagem, a esperança de que muitos rostos ali contorceriam-se de espanto e pavor, ao perceberem o que lhes aconteceria..
Do lado de fora, o clima quente e a tarde irritantemente risonha faziam parte de uma cenário cheio de paradoxos, ambiguidades e antagonismos (e sinônimos, se me permitem o trocadilho sem graça). O cenário ideal pra se cometer um pouco de atrocidades, não acha?
Estavam radiantes: o sol, o rosto da menina.. O primeiro, eu devo dizer, estava em total contraste com o sentimento que ela guardava no peito, e a cada dia vinha apossando-se dela por completo. Tente adivinhar qual é.
Ouviram-se gritos secos vindos de dentro do recinto. E então ouviu-se uma explosão, seguida de um aglomerado de pessoas assustadas e surpresas, tentando fugir, desvencilhar-se dos outros que dividiam a mesma intensidade de medo.. tudo em vão, claro.
Ela sequer pôde ficar pra contemplar aquele belíssimo espetáculo que sua mente perturbada lhe concederia, depois de tanto tempo planejando a coisa, em seus mínimos detalhes. Estava longe, provavelmente projetando cada segundo, como se em sua mente houvesse uma câmera, captando cada frame daquele capítulo final.
Posso jurar a você que enquanto brincava com as imagens daquele momento, surgia um sorrisinho bem desenhado na extremidade da boca da menina injustiçada. A inebriante sensação de poder consertar as coisas ruins que eles haviam lhe feito. Nada ficaria impune..
Aquilo? Costumo chamar de vingança.
Das mais doces, até.