11 de fevereiro de 2010

Doloridos devaneios, inconsolável gastrite nervosa.

Durante todo o trajeto pelo corredor amplo, ela mantinha o dorso da mão enxugando o nariz de alguma coisa que não sabia o quê. Uma mania bizarra que fazia quando estava nervosa. Típico. Pensar erroneamente que manias sem nexo como esta poderiam disfarçar qualquer tipo de aflição.
Andava a passos desajeitados, com a cabeça levemente abaixada e suava frio, com verdadeiro pavor de ser notada.
Entrou confusa pela familiar porta esverdeada e sua vista feriu-se com a luminosidade exagerada que havia na sala. Ainda era cedo pra tanta luz amarela-sol, não era? Luz Amarela-amarela. A sala estava vazia, lhe causando momentâneo alívio. Escolheu um lugar próximo às janelas, onde havia maior insinuação da luz do sol. Apesar de tudo, ainda gostava daquela luz solar que pintava o céu de manhã cedo, dando a ela uma sensação estranha de vida. Era como levar um soco de Deus. Docemente. Sentou-se e acomodou a cabeça na parede, exausta. O som de vozes distantes invadiam seus pensamentos violentamente, sem pedir permissão. Tinha ainda alguns minutos para saborear a solidão. Pegou os fones de ouvido e deixou que a melodia estranha e melódica de Chopin emoldurasse aquela cena que parecia um retrato mal feito de Van Gogh. Ali, com "Dieu Tristesse" soando aos ouvidos com um gosto de fracasso na boca, ela permitiu que uma pequenina lágrima umedecesse seus olhos.
Seu coração estava novamente lhe causando danos. Mas por fim, estava viva. Apesar do martírio interno. Apesar da contradição que era viver.
Crônicamente viva.

.. continua.

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